O Pilão na terra: Sustança, crescimento e vida

Neste texto eu me apresento, conto a história de uma velhinha muito importante para mim e apresento o Pilão de Ideias, o blog do Quilombo Ciência. Conversas para se pôr farinha. Minha bisavó materna usava muitas expressões para falar com a gente que eram dos seus próprios lugares e do seu próprio tempo, e que eu e algumas outras pessoas da família aprendemos e usamos até hoje. Tornaram-se parte dos nossos lugares e tempos também, da nossa linguagem para entender e falar sobre o mundo. Ela também usava muitos ditados e contava muitas histórias. A maioria delas era apavorante e trágica, mas ela também sabia corruptelas de quadrinhas das histórias do Pedro Malazarte de cor, e usava umas e outras para ensinar as coisas que sabia. Uma das expressões que me lembro de ouvi-la usar era que não se deveria…

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MULHERES CONTRA O FOGO NA DEFESA AMBIENTAL

Nova brigada florestal formada apenas por mulheres foi lançada oficialmente em outubro no interior de São Paulo, reforçando a crescente participação feminina em trabalho com risco envolvido no cenário ambiental Quando pensamos em grandes incêndios, sejam eles urbanos ou florestais, temos em mente a atuação dos bombeiros, homens destemidos que arriscam suas vidas para salvar o próximo. O imaginário popular, permeado por uma cultura que coloca a figura masculina como protetora da sociedade, enquanto cabe à feminina guardar o lar, pouco nos permite conceber um cenário onde as mulheres deixam suas famílias e seus ofícios para encarar o fogo de frente e assumir papéis de guardiãs não só de seus lares mais íntimos, mas também do planeta que habitamos. E muitas delas de forma voluntária, como é o caso de parte das combatentes florestais. Mesmo que ainda não tenhamos nos…

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Omagem de Guney Akin na Unsplash

Eu vou cantar hoje

Eu vou cantar, só que eu vou cantar hoje. Vou cantar hoje a canção mais antiga que eu conheço, que fala da saudade de um lampião de gás que se apagou. Essa eu vou cantar hoje. Eu vou cantar hoje desde manhãzinha a ave-maria que eu prometi no seu casamento, porque ao meio-dia a nossa voz ficará mais afinada, às três da tarde a noiva não veio e ao pôr-do-sol você já se foi. Eu vou cantar a ovelha negra mas também cantarei atrasado, ela também não é mais a garotinha que espera o ônibus da escola, o ônibus dela passou, ela embarcou porque era malandra, voou dolorida olhando por uma janela, e também sumiu. Eu vou cantar hoje mesmo a cajuína. Escuta, Maria Maria, eu vou cantar exagerado hoje, porque entre nós ainda que a sua música também seja…

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Para Carl Sagan.

Olá, Carl. Te escrevo no final de uma tarde calma, em meio a um inverno frio. Frio para os padrões aqui do Brasil, você sabe, em um dia cujo clima ameno com certeza te agradaria. Um raio forte de sol entra pela porta do escritório, é refletido contra a parede azul clara e se espalha tomando conta de todo o ambiente, preenchendo tudo com um brilho pálido e dourado. Nos últimos dias, o Sul e o Sudeste do Brasil foram castigados por um ciclone, ventanias e tempestades, mas hoje uma brisa suave e fria sopra na sala morna. Pela porta, olho para uma floreira no jardim com a terra recém preparada para plantar, e vejo que a brisa deposita gentilmente uma semente de dente-de-leão. Depois desse momento de distração, olho para a tela em branco do computador decidido a começar…

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Nature

Como uma forma de todas as cores que se move e sente

Onde nós nos movíamos tudo era muito claro e silencioso, e só o que nós sentíamos, ainda que não ouvíssemos e nem víssemos nada, era que tudo tinha cheiro e gosto, e que tudo também se movia. Sentíamos uma onda misturada, principalmente de curiosidade e medo. Tudo era muito branco, não como paredes brancas, mas como uma neblina que tocava o nosso olhar como se fosse parte dele e parte de nós e se estendia para sempre e para todos os lados com o brilho intenso de uma mistura de todas as cores, uma completa cegueira branca. Distante, começamos a entender baixinho um som conhecido que crescia e diminuía, com uma cadência lenta e repetida, um chiado profundo e irregular. O som vinha de todos os lados, mas como nós também nos movíamos ao mesmo tempo em todas as direções…

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Quando começou a História toda

A História começou em uma quinta-feira. E começou assim, com H mesmo, sem modéstia. Mas ninguém percebeu na hora. Agora, dois dias depois então era que quase ninguém mesmo estava prestando atenção, agora que era notícia velha, se a História tinha começado mesmo era possível que isso nem fosse notado, ao menos não ainda, não tão cedo. Essas coisas desenrolam-se de tal maneira que muito raramente são percebidas pelas pessoas enquanto vivem. O tempo tinha passado e a vitrola dava graças à vida, falando de coisas tristes e coisas bonitas como se nada tivesse acontecido dois dias antes. No intervalo entre um lado e o outro do disco, a Jovem subiu no caixote da praça, limpou a garganta e pediu licença para cantar sobre o começo da História e contar sobre um anoitecer na vida do Velho. O velho foi…

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NASA/JPL-Caltech

A música escrita na rocha

Em um instante do movimento, as milhares de civilizações sábias de Laniakea cantaram e dançaram por aquelas que haviam se calado muito cedo, sem nunca ter aprendido a ouvir às vozes antigas e nem à sua própria voz, e sem saber que eram parte de uma mesma longa sinfonia. Sabiam que uma voz não cantava para sempre, que a canção do universo era sempre ao mesmo tempo alegria e tristeza, que seguia harmônica mesmo quando dissonante e em seu ritmo cada vez mais vibrante mesmo que sua cadência variasse, mas aquele instante se arrastava, em toda a canção se sobrepunham notas mais graves e profundas e agudos mais dissonantes, e todas as vozes que se alternavam em coros ouviam e entendiam as palavras e choravam, porque uma parte delas tinha virado ecos na poeira antes que suas vozes chegassem a…

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Gestão coletiva

Qualquer projeto individual ou coletivo envolve algum tipo de investimento, algum tipo de custo, mesmo que seja somente o esforço das pessoas envolvidas. Com o Quilombo Ciência não é diferente. Mas se nenhum valor pode ser cobrado como condição para que as pessoas acessem os conteúdos, criem e percorram trilhas, gerenciem seus projetos ou divulguem e discutam suas ideias através do site, então como o projeto se sustenta?Quem paga as contas? Quem decide como o dinheiro vai ser gasto? Quem decide o que deve ser feito com o dinheiro que sobrar? E o que daria para fazer se o projeto tivesse um pouco mais de recursos? Neste texto nós respondemos a essas e outras perguntas. Nesse momento o projeto está só começando e os gastos e recursos são poucos e simples, mas à medida que o projeto tenha mais trilhas…

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