Poesias e contos produzidos por participantes do Quilombo Ciência.

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Nature

Como uma forma de todas as cores que se move e sente

Onde nós nos movíamos tudo era muito claro e silencioso, e só o que nós sentíamos, ainda que não ouvíssemos e nem víssemos nada, era que tudo tinha cheiro e gosto, e que tudo também se movia. Sentíamos uma onda misturada, principalmente de curiosidade e medo. Tudo era muito branco, não como paredes brancas, mas como uma neblina que tocava o nosso olhar como se fosse parte dele e parte de nós e se estendia para sempre e para todos os lados com o brilho intenso de uma mistura de todas as cores, uma completa cegueira branca. Distante, começamos a entender baixinho um som conhecido que crescia e diminuía, com uma cadência lenta e repetida, um chiado profundo e irregular. O som vinha de todos os lados, mas como nós também nos movíamos ao mesmo tempo em todas as direções…

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Quando começou a História toda

A História começou em uma quinta-feira. E começou assim, com H mesmo, sem modéstia. Mas ninguém percebeu na hora. Agora, dois dias depois então era que quase ninguém mesmo estava prestando atenção, agora que era notícia velha, se a História tinha começado mesmo era possível que isso nem fosse notado, ao menos não ainda, não tão cedo. Essas coisas desenrolam-se de tal maneira que muito raramente são percebidas pelas pessoas enquanto vivem. O tempo tinha passado e a vitrola dava graças à vida, falando de coisas tristes e coisas bonitas como se nada tivesse acontecido dois dias antes. No intervalo entre um lado e o outro do disco, a Jovem subiu no caixote da praça, limpou a garganta e pediu licença para cantar sobre o começo da História e contar sobre um anoitecer na vida do Velho. O velho foi…

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NASA/JPL-Caltech

A música escrita na rocha

Em um instante do movimento, as milhares de civilizações sábias de Laniakea cantaram e dançaram por aquelas que haviam se calado muito cedo, sem nunca ter aprendido a ouvir às vozes antigas e nem à sua própria voz, e sem saber que eram parte de uma mesma longa sinfonia. Sabiam que uma voz não cantava para sempre, que a canção do universo era sempre ao mesmo tempo alegria e tristeza, que seguia harmônica mesmo quando dissonante e em seu ritmo cada vez mais vibrante mesmo que sua cadência variasse, mas aquele instante se arrastava, em toda a canção se sobrepunham notas mais graves e profundas e agudos mais dissonantes, e todas as vozes que se alternavam em coros ouviam e entendiam as palavras e choravam, porque uma parte delas tinha virado ecos na poeira antes que suas vozes chegassem a…

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